Mesmo com o recente e progressivo avanço na quantidade de cirurgias bariátricas realizadas no Brasil (nosso país é o segundo no mundo em número de cirurgias realizadas por ano, perdendo apenas para os Estados Unidos) e no mundo, ela ainda é um tabu para grande parte da população.
Desconhecimento das técnicas utilizadas, memórias negativas da época do início da cirurgia bariátrica há 30-40 anos atrás quando as complicações eram mais graves e frequentes e um certo preconceito em torno da obesidade são fatores que contribuem para essa mistificação do procedimento.
Programas televisivos populares como o Quilos Mortais do Discovery Channel, que explora frequentemente casos extremos, criam a falsa impressão que a Cirurgia Bariátrica é uma alternativa APENAS para casos de super obesidade extrema.
Na realidade, a cirurgia bariátrica e metabólica vem passando por uma grande evolução, principalmente nos últimos 20 anos. Tornando-se cada vez mais segura e eficaz no tratamento da obesidade.
Atualmente é considerada, baseado no resultado de diversos estudos científicos multicêntricos, o tratamento mais eficaz e com melhor resultado para a obesidade e para o diabetes tipo 2.
O advento de vias de acesso menos invasivas como a videolaparoscopia e a cirurgia robótica reduziram drásticamente o trauma cirúrgico, tempo de internação e taxas de complicações cirúrgicas. Além disso, a indústria de materiais médicos vem desenvolvendo equipamentos cada vez mais modernos e seguros para o grampeamento do estômago, intestino, controle de sangramentos, incrementando segurança ao procedimento.
Aliado aos recursos materiais, evoluiu também a padronização técnica e o treinamento dos cirurgiões. Sociedades médicas no Brasil e no Mundo se especializaram nesse tipo de cirurgia e fiscalizam e treinam os cirurgiões para que a técnica seja padronizada e siga critérios bem definidos. No Brasil temos a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, com seus membros cirurgiões especialistas que atestam a qualidade do atendimento e treinamento cirúrgico.
Diante de toda essa evolução e padronização, nos dias de hoje, utilizamos critérios bem definidos para avaliar e escolher quais pacientes são candidatos à Cirurgia Bariátrica.
Dentre eles temos:
Histórico de obesidade por pelo menos 5 anos;
Tratamento clínico da obesidade sem sucesso por pelo menos 2 anos;
Idade superior a 16 anos;
IMC (índice de massa corporal) acima de 35 kg/m² associado a comorbidades (por exemplo: pressão alta, diabetes, colesterol alto, gordura no fígado, apnéia do sono, problemas articulares, doença do refluxo, dentro outras)
IMC (índice de massa corporal) acima de 40 kg/m² independente de outras comorbidades
Preencher os critérios acima é o mínimo necessário mas não o suficiente para se submeter à cirurgia. Além de preencher os critérios, o paciente deve sempre passar por uma avaliação completa multidisciplinar com: nutricionista, psicóloga, cardiologista, endocrinologista e outros especialistas conforme a necessidade de cada um.
Portanto, se você sofre com obesidade, diabetes ou conhece alguém que está nessa situação o primeiro passo é agendar uma avaliação com um Cirurgião Bariátrico, ele será capaz de orientar qual o melhor caminho para o tratamento, seja ele através de cirurgia para os paciente elegíveis ou encaminhando para equipe multidisciplinar os pacientes que não preenchem os critérios para cirurgia.